A população reagiu com indignação nas redes sociais à notícia do reajuste no valor da passagem de ônibus da linha que liga Sooretama a Linhares. A nova tarifa de R$ 6,00 está em vigor há uma semana, desde o primeiro dia de 2021. O aumento foi de 4,31%.
Em centenas de comentários, moradores criticaram a precariedade do serviço oferecido pela Viação Joana D’Arc, reclamando principalmente do estado de conservação e da falta de conforto nos ônibus, além da longa espera nos pontos e superlotação e dificuldade para conseguir o transporte em horários de pico. Uma queixa recorrente refere-se ao fato da empresa não disponibilizar veículos com ar condicionado para a linha.
Os usuários de Sooretama se acham discriminados em relação aos moradores de Linhares, também atendidos pela Joana D’Arc. “Os ônibus novos só rodam em Linhares. Para Sooretama, só mandam os sucateados”, desabafou um morador.
O tom das postagens nas redes sociais também foi de intensa cobrança por providências às autoridades do município. Diante da repercussão, nesta sexta-feira (8), o vereador e vice-presidente da Câmara, João Paulo Silva (PMN), esteve em Linhares e na sede da empresa em busca de esclarecimentos sobre o contrato de concessão que autoriza a Viação Joana D’Arc a explorar o transporte coletivo de passageiros entre Sooretama e Linhares.
Mas a insatisfação dos sooretamenses com os serviços prestados pela Joana D’Arc não é recente. Em 2013, o então vereador Edson Isidoro Ferreira Campos (Cidadania) conseguiu organizar no município uma audiência pública na tentativa de rever o modelo de concessão estadual que favorece as empresas e dificulta a concorrência no setor. O evento reuniu autoridades locais e estaduais, mas a Viação Joana D’Arc sequer enviou representante. A empresa normalmente reage com indiferença às reclamações e já chegou inclusive ameaçar impedir que os ônibus circulem dentro dos bairros da cidade, limitando o trajeto somente até a rodovia BR 101.
A Joana D’Arc opera a linha Sooretama-Linhares há décadas, desde a época do então distrito de Córrego D’Água. Com a emancipação, a partir de 1996, o trecho passou a ser intermunicipal, mas a empresa manteve as mesmas características de transporte urbano.
As concessões para a exploração do transporte intermunicipal de passageiros no Estado são outorgadas e regulamentadas pelo Departamento de Estradas e Rodagem do Espírito Santo (DER-ES). Cabe, portanto, aos deputados estaduais os questionamentos sobre o assunto junto ao governo capixaba.
Essas concessões são frequentemente renovadas sem que a população, a principal interessada, seja ouvida sobre a qualidade dos serviços prestados, por exemplo. Também parece não haver vontade política para interferir nos interesses das empresas detentoras.
O ex-vereador Edson Isidoro, por meio de suas redes sociais, na manhã deste sábado (9), revelou dados que indicam a falta de concorrência e explicam a baixa qualidade em um dos principais serviços essenciais à população: o transporte público. Segundo ele, as cerca de 320 linhas intermunicipais em exploração atualmente no Estado estão nas mãos de menos de 30 privilegiadas empresas, entre elas a Viação Joana D’Arc. São mais de 520 mil viagens realizadas e 27 milhões de passageiros transportados, anualmente.
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