Desmembrado de Colatina em 15 de maio de 1980, após a realização de plebiscito popular que referendou a emancipação, o município de Marilândia completa 43 anos de existência nesta segunda-feira (15).
Contudo, a história da cidade é bem mais ampla e teve início há quase um século, com a chegada dos primeiros colonos descendentes de italianos, por volta de 1925. Conforme descreve a professora Rosa Carmelina Falqueto, a Carminha Falqueto, em seu livro “Descendência Italiana: um olhar para nossas origens”, os imigrantes chegaram à região de Marilândia vindos de Alfredo Chaves, Venda Nova do Imigrante, Castelo, entre outras localidades do Sul do Estado.
As viagens foram sofridas, parte em carroceria de caminhonete ou em lombo de burros e cavalos, e até mesmo a pé. Trouxeram poucos utensílios, pois não tinham como carregar mudança.
Ao chegarem, fincaram raízes e começaram a abrir clareiras nas matas onde construíram suas casas de madeira e prepararam a terra para o plantio de milho, feijão, arroz, mandioca e outros produtos destinados ao sustento das famílias. Depois de um tempo, iniciaram o cultivo do café, atividade econômica predominante até os dias atuais.
Gradativamente, foram chegando muitas famílias, mas as primeiras de que se tem informações foram as de sobrenome Ceolin, Franco, Forte, Lorenzoni, Fregona, Palma, Zago, Uliana e Bravim. Com isso, formou-se um pequeno povoado que deram o nome de Liberdade, talvez pelo sentimento diante das novas oportunidades.
Ainda de acordo com o livro de Carminha Falqueto, em 1929 começou a funcionar uma escola no galpão que era utilizado como igreja pelos moradores. Em 1951, foi inaugurada a primeira escola de ensino fundamental. A comunidade foi se estruturando com serrarias, que beneficiavam a madeira derrubada, farmácia, pensão, padaria, casas comerciais, cinema, cartório e até médicos.
Inaugurado em Marilândia em 1953 pelo empresário Hilário Bergami e batizado em homenagem à sua filha, o antigo Cine Penha, com 500 lugares, era o maior do interior do município de Colatina, que nessa década figurava como a segunda cidade com mais salas de cinema no Espírito Santo, perdendo apenas para a capital Vitória.
A partir da passagem dos padres salesianos, a vila passou a ser denominada “Terra de Maria” ou Marilândia e, em 1954, tornou-se distrito de Colatina. Em 1980, um plebiscito popular referendou o desejo dos marilandenses pela emancipação política, oficializada no mesmo ano. Mas somente em 1983 tomou posse o primeiro prefeito eleito do novo município: Dejacir Gregório Caversan, o Deja, cunhado do então governador do Estado, Gerson Camata.
Com uma população estimada em pouco mais de 13 mil habitantes, de acordo com o senso do IBGE de 2021, a “Terra de Maria” procura manter viva a história de seus antepassados, mantendo e transmitindo de geração a geração as tradições herdadas da cultura italiana. A cidade é berço de uma cultura rica e de personalidades influentes no cenário político, acadêmico e empresarial do Estado. A cafeicultura predomina em sua paisagem, sendo a base da economia do município.
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