Terminou na tarde desta quarta-feira (4) o julgamento de Marcos Venício Moreira Andrade, assassino confesso do ex-governador Gerson Camata. O crime aconteceu no dia 26 de dezembro de 2018, na Rua Joaquim Lírio, na Praia do Canto, bairro nobre de Vitória. O réu foi condenado a 28 anos de reclusão e iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
O juiz Marcos Pereira Sanches, titular da 1ª Vara Criminal de Vitória, presidiu o júri popular e proferiu a sentença às 16h20m desta quarta-feira, após quase dois dias de julgamento. Marcos Vinício, que durante mais de 20 anos trabalhou como assessor de Camata, foi considerado culpado pela prática de homicídio consumado e duplamente qualificado e pelo crime de porte ilegal de arma.
Segundo a sentença do magistrado, ficou “evidenciada a culpabilidade do réu, sendo extremamente reprovada sua conduta, tendo demonstrado grande desapego à vida humana e, claramente, que tinha total consciência da reprovabilidade do seu comportamento, notadamente por ser pessoa instruída, com formação em nível superior e ocupante de vários cargos públicos de relevância, e tanto se torna mais grave quando se verifica que o crime foi praticado com frieza e que era amigo íntimo da vítima, na verdade, pessoa de estrita confiança e considerado integrante da família, e, pior ainda, quando há informação de que já tinha ameaçado matar a vítima anteriormente, concretizando, ao depois, o mal injusto e futuro vaticinado, o que evidencia a extrema intensidade do dolo e a indiferença com a vida alheia com que agiu”.
A sentença também destaca que houve planejamento e premeditação do delito “tendo o réu ido ao encontro da vítima, já de posse da arma de fogo, com a prévia e deliberada intenção de cometer a infração, não se tratando, portanto, de uma decisão irrefletida, merecendo, certamente, maior censura, tanto mais quando se verifica que o acusado efetuou disparo de arma de fogo em via pública desta cidade, em plena luz do dia, nas proximidades de estabelecimentos empresariais e mesmo na presença de outras pessoas”.
O juiz Marcos Pereira Sanches ressaltou, ainda, as consequências do crime para a família de Gerson Camata: “deixou ao menos um filho menor de 18 (anos) de idade, ao qual prestava auxílio financeiro, e a sua morte certamente lhe provocou traumas e sequelas de difícil reparação, havendo, inclusive, a informação de que teve que se submeter a acompanhamento psicológico”.
O jornalista e economista Gerson Camata foi vereador de Vitória e deputado estadual antes de se tornar o primeiro governador eleito do Espírito Santo após a redemocratização, em 1983. No cargo até 1986, ele realizou um governo que se tornou emblemático na história capixaba e que lhe assegurou um enorme capital eleitoral, suficiente para depois mantê-lo no cargo de senador por três mandatos consecutivos, de 1987 até 2011.
Camata foi morto aos 77 anos, atingido com um tiro na cabeça quando chegava a uma padaria que sempre frequentava na Praia do Canto. Marcos Venício, seu assessor por mais de 20 anos, foi preso e confessou o crime. O motivo seria uma ação judicial por difamação e calúnia, movida pelo político e que acabou por bloquear valores na conta bancária do acusado.

Comente este post