Os jornais veicularam no início deste mês que, com a paralisação dos rodoviários do Sistema Transcol, os preços de corrida via aplicativo dispararam na Grande Vitória, chegando a custar mais do que o dobro de um dia normal.
Em nossa cidade, por exemplo, uma corrida por meio de aplicativos, no trajeto entre a “Rodoviária” e o Shopping Patiomix, dependendo do horário, pode custar até oito vezes mais do que a passagem de ônibus, que hoje é de apenas R$ 3,50.
Isso sem contar que dentro dos ônibus, o passageiro tem a garantia de que são colocadas em prática todas as recomendações emanadas das autoridades sanitárias para a prevenção do Covid-19.
Partindo-se dessa premissa, imaginem sua cidade sem ônibus municipal circulando. Parece ficção ou pesadelo, mas não se pode descartar totalmente essa possibilidade. Neste caso, quem transportaria gratuitamente os milhares de idosos, pessoas com deficiências e seus acompanhantes, menores de cinco anos, os carteiros, policiais civis, militares e integrantes do corpo de bombeiros, fiscais da Prefeitura, como também os estudantes com o pagamento de tão somente 50% da tarifa, totalizando, no geral, mais de 100 mil giros de catraca a cada mês em Linhares em tempos normais? Os automóveis que trabalham com transporte sob demanda, denominados aplicativos? Ou seriam os moto-taxistas? Claro que não! Todos teriam que pagar integralmente pelo seu deslocamento, ao contrário do que ocorre nos ônibus legais e regulares da cidade.
De acordo com sondagem da Confederação Nacional do Transporte (CNT) com 776 empresas do setor, entre 1º e 3 de abril do ano passado, 69,5% declaram que a pandemia gerou impactos muito negativos para as empresas de ônibus.
O maior deles tem sido a queda no faturamento (71,1%), mas também chamam atenção a paralisação total ou parcial das atividades da empresa (38,9%) e redução da frota em operação (31,1%).
Já a capacidade de pagamento dos salários está muito comprometida para 41,4% das empresas que participaram e parcialmente comprometida para 29,3%.
Em Linhares não poderia ser diferente, já que cerca de 400 pessoas são empregadas diretamente pela Viação Joana Darc, e mais de 100 pela outra empresa operadora, afirmou o diretor administrativo Antonio Comério.
Com o desequilíbrio entre oferta e demanda de passageiros, a concessionária, cuja remuneração depende exclusivamente da arrecadação proveniente do pagamento das tarifas, já que não existe quaisquer subsídios governamentais destinados à empresa, ao contrário de variadas cidades brasileiras, inclusive do nosso Estado, se deparou com numa situação extremamente delicada já que, no ano passado, houve uma queda de 48% no quantitativo de passageiros pagantes transportados no município, comparado com 2019, e, neste ano de 2021, nos meses de janeiro e fevereiro a queda já foi de 36,35%, no comparativo com o ano de 2020.
A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) estima que metade das empresas de ônibus do país poderão vir a falir, por não terem condições de operar sem ajuda do poder público, suportando uma profusão de gratuidades que contemplam diversas categorias, sem a obrigatória indicação de sua fonte de custeio, as quais (as gratuidades) representam mais de 22% de todos os passageiros transportados.
Não é sem motivação que uma pesquisa publicada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística detectou que dentre os 5.570 municípios brasileiros, 1.679, ou seja, apenas e tão somente 30% contavam com transporte municipal por ônibus.
Desta forma, incríveis 3.891 municípios brasileiros, ou seja, 70% não possuem o serviço de transporte intramunicipal de passageiros por ônibus. Parece irônico dizer mas a pandemia provocada pelo Covid-19 trouxe alguns benefícios para o setor dos transportes coletivos urbanos de passageiros, particularmente no que diz respeito à percepção geral (governos e usuários) da importância e da essencialidade desse serviço público.




































































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