Quem transita pela BR 101 já teve a oportunidade de admirar um imponente e solitário pé de Jequitibá-Rei, que resiste à margem da rodovia, na altura do km 133, no trecho entre Linhares e Sooretama. Ao mesmo tempo em que impressiona pela beleza, a árvore sobrevivente de uma espécie quase extinta desperta curiosidade a respeito de sua origem e história.
Um texto publicado recentemente em um grupo no facebook, destinado a preservar fatos e a memória histórica da região, relata o que seria ‘A Biografia do Jequitibá’. O artigo cita como fontes informações atribuídas aos historiadores Eliezer Nardoto, Bernadette Lyra e Maria Lúcia Grossi Zunti, além de outras referências, como Arildo Eleotério, Celso Perota, Twenty-Seven Tauri e Vanildo Porto.
De acordo com a suposta biografia, até o início dos anos de 1930, o trecho entre Linhares e o porto fluvial de São Mateus era totalmente coberto por mata fechada; só existia uma trilha que acompanhava a linha telegráfica construída pelo Barão de Timbuy no século anterior. Em 1937 já existia uma precária estrada para veículos e, em 1940, o percurso foi tomado por intenso desbravamento, especialmente por parte de colonizadores e madeireiros. Estava iniciado, então, o processo de derrubada da vegetação primitiva.
Neste contexto, os frondosos jequitibás que existiam na região sofreram um ataque impiedoso dos extratores de madeira devido às suas inúmeras qualidades para a construção de benfeitorias, tanto no meio rural como nas aglomerações urbanas.
Prevendo a extinção da espécie, o agricultor Gervásio Rosa Porto, morador da região, teria sido o responsável por plantar a pequena muda do jequitibá solitário, ainda nos anos de 1940.
Por volta de 1950, a muda tinha aproximadamente dois metros de altura. “Funcionários do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), que cuidavam do trecho, perceberam que ela estava muito desmilinguida, tutoraram-na com uma estaca, coroaram em volta e passaram a regá-la com a água de seus bujões, por orientação do engenheiro-chefe, que achou bonita a árvore. Fizeram até uma alteração no traçado da via para não sujeitá-la a imperícia de um motorista apressado”, descreve o texto.
A biografia narra ainda que, à medida que foi ganhando vitalidade, o jequitibá passou a sofrer atentados: “Alguém lhe pôs fogo no pé; outro lhe injetou solução venenosa; quiseram até derrubá-lo”.
Benjamin Eleotério, Péricles de Sá, Manoel Flor, Roberto Bonfim e Heloisa Dias são citados entre outros anjos e guerreiros anônimos que, ao longo dos anos, ajudaram a proteger a árvore. “Hoje, o jequitibá está garboso, solitário, majestoso, um monumento vivo à nossa tirania milenar, fruto da nossa soberba e arrogância. A cada dia ele recebe a reverência contrita e a admiração das pessoas que possam pela BR 101. Já tem a seu pé uma cinta de proteção, mas muito mais ainda pode ser feito”, finaliza a biografia.
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