Por Raquel Lessa –
O debate público em torno das questões femininas tem aumentado a cada ano no Brasil e, neste mês de março, quando se celebra o Dia Internacional da Mulher, o espaço para essas discussões fica ainda maior. Temas como violência contra a mulher, assédio, maternidade e carreira vêm ganhando espaço na mídia, ano após ano.
Sabemos que o debate em torno do papel feminino na sociedade é fundamental para avançar nas conquistas. Nas últimas décadas, nós mulheres conquistamos o direito ao voto e o direito de sermos eleitas para cargos públicos. No entanto, mesmo com muitos avanços, ainda estamos longe de um mundo igualitário para homens e mulheres.
Quando falamos da representatividade feminina na política brasileira e capixaba, a presença da mulher ainda é muito pequena, comparada a dos homens. Somos maioria na população e no eleitorado, mas não alcançamos nem 15% dos cargos eletivos no país.
O Espírito Santo tem 77.649.569 de eleitoras, que correspondem a 52,5% do eleitorado. No nosso Estado, porém, nas últimas eleições de 2020, tivemos 66,4% candidatos homens e 33.6% de candidatas mulheres.
Dos 78 municípios capixabas, somente em São Domingos do Norte uma mulher foi eleita prefeita: Ana Izabel Malacarne de Oliveira (DEM). Já nas câmaras municipais, apenas cerca de 10% do total de novos vereadores são mulheres. Nas eleições de 2018, não foi muito diferente, as deputadas estaduais eleitas representam 10% da Assembleia Legislativa.
Precisamos de mais representatividade feminina na política. Sabemos que esse é um processo histórico e aumentar o espaço das mulheres no poder é algo que irá evoluir gradualmente. Para isso, é preciso investir mais na formação de lideranças femininas e despertar nas mulheres o interesse em se candidatar a cargos públicos.
Quanto aos eleitores, estes devem compreender a importância de ter uma representação feminina, inclusive para defender pautas e políticas públicas voltadas para as mulheres, que muitas vezes não são devidamente discutidas pelos homens.
Temos que desmistificar a ideia de que a mulher é o sexo frágil. A mulher tem competência, sim, para liderar e para lutar por melhorias em nossa sociedade.
É preciso ainda que os partidos, geralmente controlados por homens, deem mais espaço para as mulheres estruturarem suas campanhas, adotando para as mulheres a mesma lógica de acumulação eleitoral que se usa para as candidaturas masculinas.
Precisamos ampliar a participação feminina nos cargos públicos e fortalecer a inserção da mulher no poder, por meio de cursos, seminários e campanhas institucionais.
Uma lei de minha autoria, a Lei 10.892, instituiu a Semana de Incentivo à participação da Mulher no Processo Eleitoral. O objetivo é incentivar e promover, durante essa semana, atividades voltadas à integração da mulher capixaba no processo eleitoral.
Proponho ampliar esse debate para que a participação da mulher se torne mais ativa na vida política, através de uma participação efetiva na vida partidária, bem como nos pleitos eleitorais.
Sugiro aumentar cota de 30% para 50% e realizar uma reforma política profunda que permita que o Parlamento seja o espelho da nossa sociedade na sua composição.
É preciso desenvolver políticas inclusivas e estimular as mulheres das comunidades nesta participação. Nós, mulheres que já estamos na política, temos que abrir espaço para novas representantes e mais ainda, unir forças para que as mulheres lutem por esse espaço. Vamos juntas, unidas, em busca dessas conquistas!
Raquel Lessa, 58 anos, é deputada estadual em seu segundo mandato, pelo Pros.
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