Era para ser somente o último dia de aula da semana. Pais enviaram seus filhos à escola e professores saíram para mais um dia de trabalho sem saber o que estava por vir na manhã nublada e chuvosa de sexta-feira, dia 25 de novembro, na localidade de Coqueiral, em Aracruz.
Era por volta de 10 horas quando começou a ser escrita uma das páginas mais tristes e sangrentas da história do Espírito Santo. Um adolescente de apenas 16 anos, armado e trajado como se fosse para uma guerra, invadiu em sequência duas escolas, atirando a esmo, matando e ferindo professores e alunos. O carro e as armas usadas para cometer a barbárie, uma pistola automática .40 e um revólver calibre 38, pertencem ao pai do jovem, um psicólogo e tenente da Polícia Militar.
Para a estudante Selena Sagrillo Zucoloto, de apenas 12 anos, e para as professoras Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos, Maria da Penha Pereira de Melo, 48, e Flávia Amboss Mercon Leonardo foi o último dia de aula e de trabalho de suas vidas. Elas não voltaram para as suas casas e suas famílias como esperavam fazer quando saíram pela manhã.


As professoras morreram na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio ‘Primo Bitti’, onde lecionavam Matemática e Artes. Já a pequena Selena teve a vida brutalmente interrompida onde seus pais imaginavam que ela estivesse mais segura, no Centro Educacional Praia de Coqueiral, que fica a apenas 700 metros da primeira escola atacada. Ela cursava o 6º ano do ensino fundamental.
O atentado deixou ainda mais de uma dezena de vítimas feridas e cicatrizes difíceis de serem saradas em todos os capixabas, além muitas perguntas a serem respondidas. A principal delas: até que ponto pode chegar a crueldade humana?
O autor do atentado, um jovem de classe média, acima de qualquer suspeita, filho de um policial, e os cenários do massacre, uma escola pública e outra, particular, evidenciam que ninguém está seguro, esteja onde estiver, seja rico ou seja pobre. Todos estão sujeitos ao mesmo flagelo.
A sequência de vídeos a seguir, de câmeras de videomonitoramento, flagram a ação do atirador no atentado à escola pública ‘Primo Bitti’, onde morreram as professoras Cybelle e Maria da Penha:
Luto oficial
No dia seguinte à tragédia, o Espírito Santo está de luto. O sentimento em todos os cantos do Estado, principalmente em Aracruz, é de dor, tristeza, revolta e busca por explicações. O governador Renato Casagrande retornou às pressas de compromissos em São Paulo/SP para acompanhar as investigações e levar solidariedade aos familiares das vítimas. Ele decretou luto oficial de três dias no Estado. Prefeitos de praticamente todos os municípios capixabas divulgaram nota de pesar se solidarizando com o povo de Aracruz, em especial com as famílias das vítimas.
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