Ao apresentar o protótipo Lecar 459, durante evento em São Paulo (SP), no último dia 22 de agosto, o empresário capixaba Flávio Figueiredo Assis, dono e fundador da Lecar S/A Indústria de Automóveis Elétricos, revelou detalhes da fábrica que pretende implantar no município de Sooretama, no Norte do Estado, para a produção do primeiro sedan elétrico nacional equipado com extensor de autonomia, uma tecnologia ainda inédita no mundo, que propõe aliar um motor turbo flex a combustão, que funcionará apenas como gerador, a um propulsor elétrico de 163 cv.
A chegada da montadora brasileira ao Espírito Santo foi noticiada em primeira mão pelo Jornal Norte Capixaba em 16 de agosto, antes mesmo do anúncio oficial da empresa. Relembre: Em Sooretama: ES receberá primeira fábrica brasileira de automóveis elétricos.
O prefeito de Sooretama, Alessandro Broedel (MDB), participou do lançamento do protótipo 459, em São Paulo. Entusiasmado, ele avaliou que a implantação do complexo industrial para a produção de automóveis mudará a realidade e elevará o município, de pouco mais de 26 mil habitantes e distante 130 quilômetros de Vitória, a um novo patamar de desenvolvimento econômico e social. A subsecretária de Estado de Atração de Investimentos e Negócios, Christiane Vargas, também esteve presente no evento, além de outras autoridades.

A Lecar S/A já obteve junto aos governos estadual e municipal incentivos fiscais e tributários, além da cessão de uma área de 400 mil metros quadrados, por parte da Prefeitura de Sooretama, para a implantação da fábrica em solo capixaba. Flávio Figueiredo anunciou investimentos de R$ 870 milhões na planta industrial, sendo R$ 240 milhões em obras de instalações e R$ 630 milhões em automação para a linha de montagem.
De acordo com a empresa, a fábrica terá 100 mil m² de área construída e capacidade para fazer 120 mil carros por ano, gerando cerca de 1.500 empregos diretos e outros 3.000 indiretos. A ideia é produzir inicialmente o Lecar 459 e construir uma pista de testes no local. A previsão de inauguração é para agosto de 2026.

Como é o Lecar 459
O Lecar 459 só existe em projeções virtuais, embora o protótipo real com outro desenho tenha sido apresentado. Ele foi montado quando a promessa ainda era de fazer um sedã elétrico a bateria, sem motor gerador. O novo modelo tem visual mais renovado.
A frente tem faróis afiladas e ausência de grade, o que deve mudar na versão de produção por causa do motor a combustão dianteiro. A traseira tem uma caída estilo cupê, com lanternas que cortam a traseira de um lado a outro.
Segundo a empresa, dois motores equipam o 459, mas o 1.0 de três cilindros turbo flex funcionará apenas como gerador. Ele tem 122 cv de potência e 22,4 kgfm de torque. No eixo traseiro vai um propulsor elétrico de 163 cv e 26,3 kgfm.
O conjunto faz o sedã acelerar de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos. O motor elétrico é abastecido por bateria de 18,4 kWh capaz de sustentar o funcionamento no modo elétrico por até 100 km. A autonomia total é de 1.000 km.

O 459 tem 4,35 metros de comprimento, 1,82 metros de largura e 1,52 metros de altura. A distância entre-eixos é de 2,70 metros e o porta-malas tem capacidade para 530 litros. Entre os equipamentos, a Lecar promete o pacote Adas, com sistema de permanência em faixa, controle de velocidade adaptativo, assistente de frenagem de emergência e sistema de alerta de pontos cegos.
Elon Musk ou João Gurgel?
Capixaba de nascimento, o empresário e fundador da Lecar, Flávio Figueiredo Assis, se autodenomina e é conhecido como ‘Elon Musk brasileiro’, em alusão ao bilionário americano dono da Tesla, a maior fabricante de carros elétricos do mundo. Mas talvez o seu estilo empreendedor e ousado esteja mais associado ao de outro brasileiro que fez história no segmento automotivo: o engenheiro paulista João Augusto Conrado do Amaral Gurgel.


Visionário, à frente de seu tempo, Gurgel criou a primeira montadora brasileira de automóveis, cuja marca foi batizada com seu nome, em 1969. Ele produziu, inclusive, um modelo elétrico, que se tornou o primeiro a se fabricado no mundo, no início da década de 1980, há mais de 40 anos. Como ainda hoje, os desafios para o carro elétrico na época eram imensos, o que impediu o projeto de seguir adiante.
João Gurgel seguiu fabricando vários modelos de automóveis a combustão de sua marca, na fábrica que montou em Rio Claro, em São Paulo, até o início da década de 1990, quando a inevitável abertura do mercado brasileiro de automóveis e a feroz concorrência das gigantes mundiais do segmento pôs fim ao seu sonho. Em 27 anos de existência, a Gurgel produziu cerca de trinta mil veículos.
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